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sábado, maio 20, 2006
 



APRENDENDO A DESAPRENDER





"onde há leitura, há liberdade criativa"

Você acredita nisso? Se acredita, tem como provar? Se você não acredita, mas tem que escrever uma prova de redação concordando com a afirmação, como se sentiria?

Decerto que muitas pessoas nem pensariam em discordar. Você simplesmente lê a frase e dá um jeito de encaixar alguma coisa em relação a ela. Assim mesmo, automaticamente, como robôs.

Ok. Agora suponha que você teve essa percepção. Você percebeu que não concorda com a frase, mas nada pode fazer a respeito, porque sua professora simplesmente disse que discordar da frase é fugir do tema.
(Makoto INDIGNADO neste momento).

Imagino como devem ser as aulas de Redação dessa aluna...


Antes de continuar, queria fazer um adendo: numa redação, você tem que analisar duas coisas: tema e tópico-controle. O tema é “leitura”, o tópico é “liberdade criativa”. Você pode discorrer sobre o assunto (descrever, narrar, explicar) ou argumentar (colocar seu ponto de vista).

A frase dada para desenvolver esa redação se pauta numa opinião, um viés. Portanto, não há como escrever uma dissertação que não seja argumentativa. Mas cadê o valor da redação se aquilo que você escreve não é sua idéia?

De acordo com essa professora, se você escrever discordando que há liberdade criativa na leitura, você fugirá do tema, que é “leitura”. Explicação inexplicável.


"Cuidado: professora em TPM" E se eu mandasse meus alunos escreverem sobre isso, eles teriam que concordar, professora?


Assim, partimos da suposição que você deve sempre concordar com a opinião alheia, senão você foge do tema. Consequentemente, perdemos nossa liberdade de expressão.

Agora, vejamos as explicações de uma aluna para não escrever discordando da frase:

“o tema era abrangente demais, e a professora costuma aceitar só um tipo de interpretação...”

“ela queria que eu falasse como é verdade essa frase.”

“quando explicou o tema pro plantão ela disse que seria fugir do tema ir contra as idéias”

“ela tinha avisado que tinha que ir a favor do tema...”

(Makoto CHUTANDO a cadeira de indignação)

Num lugar que tem como dever social desenvolver o senso crítico do jovem cidadão, ter tal atitude é um contra-senso, para dizer o mínimo. Na verdade, o aluno está, desde cedo, sendo condicionado a seguir regras pré-definidas e, assim, não perturbar a ordem vigente.


"Can you say brainwashing...?"


Claro que, como ouvi só o lado da aluna na situação, não vou fazer como a professora dela supostamente fez; professora, caso meu post chegue aos seus olhos, fique à vontade para discordar. Colegas de escola da aluna, caso vocês possam ajudá-la, fiquem à vontade.

Agora, supondo que a aluna com quem eu falei esteja falando a verdade, dou-me a liberdade de contra-argumentar suas idéias:

“o tema era abrangente demais, e a professora costuma aceitar só um tipo de interpretação...” Se o tema é abrangente demais, é dever da professora guiar o aluno para algo mais específico. E acho que você não quis dizer “interpretação”, mas “opinião”, certo?

“ela queria que eu falasse como é verdade essa frase.” Então, deixe bem claro para ela que a redação que você escreverá não reflete o que você pensa e, portanto, não tem valor nenhum que não seja para ganhar pontos. Consequentemente, questione a professora se a prioridade dela é realmente o ponto, ou o aprendizado.

“quando explicou o tema pro plantão ela disse que seria fugir do tema ir contra as idéias” Sim, assim como é crime nos países totalitários ir contra o Governo.

“ela tinha avisado que tinha que ir a favor do tema...” Ter que ir a favor não é aviso, é imposição.

No fim das contas, a liberdade criativa que a professora tanto quer que os alunos apóiem simplesmente não existe, nem na leitura, nem na produção de texto. Como, então, ela quer que os alunos concordem com algo que nem ela mesma segue?

(Makoto quase socando o PC de INDIGNAÇÃO).

“E o que você falou para essa aluna, Makoto?” Bom, eu perguntei se ela concordava coma frase. Ela responde:

“não... mas ela que é a professora.”

Claro, numa sala, é a opinião da professora que conta.

E por que ela não questionou a professora, se ela mesma disse que não concordava com a frase. Resposta dela:

“ahh, mak. não no colégio. eu tenho que ser MUITO boa pra ir contra um professor.

(Makoto solta um palavrão cabeludo de INDIGNAÇÃO)

Há três erros na afirmação dela. Primeiro, questionar não é ir contra, é perguntar a razão. Se a professora não colocar seus argumentos, então ela irá contra ela mesma. Segundo: o que te faz pensar que você não é boa o bastante pra questionar algo que você acha errado? Isso não é ser boa, é ter medo da autoridade. Ou seja: o professor, nesse caso, reprime o senso crítico do aluno. Terceiro: SIM no colégio. Afinal, lá que é o lugar pra você aprender e praticar o que você vai usar na vida.

Ou seja, seus pais pagam 1000 reais por mês para que vocês sejam reprimidos, privados do sol, do ar, se estressam, e ainda levam lavagem cerebral. Vocês podem ter isso de graça: assistam à televisão.

Frases da Hora: “Não precisamos de controle de pensamento. Sem sarcasmo macabro dentro da sala. Professores, deixem-nos em paz. No fim das contas, vocês são só mais um tijolo na parede que nos separa da liberdade.” (Pink Floyd & Makoto)

 
Comments:
É, fiquei sabendo dessa história também, e essa coisa de autoridade dá mesmo o que pensar e rir. Onde se fundamenta o poder do professor? por que diabos um pai manda num filho? o que legitima o espancamento de um negro por um branco, ou vice-versa? São desses vetores que temos que nos libertar. Medimos tudo numa escala numérica, avaliamos, botamos preço, e "dividimos a sociedade entre pessoas que tememos e pessoas de quem temos nojo".

Nessa linha, tem a coisa do ser "bom" o suficiente. Aceitar que não é bom, especial ou competente o suficiente, sem questionamentos, é aceitar todas a escala imposta por gente que não nos conhece.

Pra terminar, esse caso de alienação partindo de uma professora é coisa muito séria, mas não que os professores regulares sejam exemplos. Dizem que aprender é ir se afunilando, até ser um... coisa mais imbecil que ouvi nos últimos tempos. Nunca fomos tudo, e nunca seremos um.
 
"onde há leitura, há liberdade criativa"...desde que não discorde!

É o Bananão mesmo, estou fazendo a monografia e o livro de pesquisa que eu tou usando comentou uma pesquisa sobre os artigos acadêmicos em administração escritos no Brasil e nos Eua. A conclusão que o autor chegou foi de que o estudante brasileiro: "negligência o relato e torna-se acentuadamente inferencial e julgativo" ou seja os brasileiros têm o hábito de julgar e inferir sem analisar, discutir e descrever! EU CONCORDO.

Síndrome de colonizado... talvez, mas quem não tem um amigo que tem opnião sobre tudo e geralmente não fala nada com nada. Esse é o esteriótipo do brasileiro, é só ligar a tv em qualquer canal brasileiro um idiota qualquer falando sobre um tema que não tem o menor conhecimento e com a maior propriedade do mundo, e o que é melho sem argumento, lógica e dados, e se é criticado ou é artista ou é um sujeito pós-moderno.
agora os melhores idiotas são os da mtv! ah esses são impagáveis!
 
A liberdade de expressão, em todas as suas formas e manifestações, é um direito fundamental e inalienável, inerente a todas as pessoas. É, ademais, um requisito indispensável para a própria existência de uma sociedade democrática.

Sempre acreditei nesta máxima. Já tive problemas com professores.
Sempre amei escrever, mas nunca me submeti aos caprichos alheios.
Como existirá a liberdade criativa sem a liberdade de expressão? @@

Quando tinha aula de redação na minha escola e os professores davam um tema a seguir, nunca me deixei sentir coagida a seguir um pensamento alheio ao invés de defender minhas idéias.
Conclusão: Minha mãe sempre era chamada para comparecer na coordenação por ter uma filha “revolucionária”, “agitadora” e “do contra”.
Não me considero uma pessoa “revolucionária” e muito menos “do contra”, nunca tive a necessidade de me sentir assim. Eu simplesmente falo o que penso e não me condiciono às verdades dos outros. Porque são as verdades do outros. Não são absolutas. Não são as minhas.
Eu aprendi a amar as tempestades ao invés de fugir delas. E isso me ajudou muito.
E daí se o que eu acredito for banal? For do contra? Eu não estou obrigando ninguém a aceitar minhas idéias. E realmente o papel do verdadeiro professor não deve seguir esta linha ditatorial de “acreditar no que eu acredito”.
Não defendo os “zuadores” de classe, os que sempre “discordam” para agitar a turma.
Sempre me preocupei em defender as minhas idéias mostrando o que me levou a chegar nelas, para que as pessoas vejam que eu não sou uma pessoa que sai falando o que pensa sem base alguma, ou seja, um tolo.
Agindo desse jeito, comecei ser a melhor aluna de redação da minha classe. Ganhei prêmios. Ganhei respeito. Não precisei brigar com professores mais. Não precisei me submeter ao que não acredito de coração. Não fiquei alienada.
Mas vamos ao tema da redação da aluna: "onde há leitura, há liberdade criativa"
Bom, isso depende do que a pessoa lê. Se ela lê por obrigação e somente livros passados pelos professores, realmente não há nada de liberdade criativa.
E também limitar a liberdade criativa a leitura, é como reduzir o mar ao lago paranoá, porque é cômodo, não dói, não exige esforço mental. Realmente você se torna um acéfalo.
A liberdade criativa está na vida, nas pessoas, no sorriso ou na cara feia de alguém, nas experiências adquiridas, no seu desenho animado preferido, no seu sucesso e no seu fracasso, nos seus amigos e inimigos.
Você pode tirar a liberdade criativa de qualquer ponto, por mais simples e apagado que seja. Mas isso dói, né? Realmente hoje em dia estamos em uma sociedade que prefere receber tudo pronto e mastigado. É ruim pensar, gasta calorias demais...
O fácil é você receber uma idéia, que nem você entende direito, engolir ela e achar que ela é sua também, porque é cômodo. Difícil é pensar! Pois “é coisa de quem não tem o que fazer”.

* Texto do Momento

“E uma professora disse:
- Fala-nos dos pensamentos.
E ele respondeu:
- Os pensamentos fúteis são como a interpretação de uma lenda pelo vento. Por demais corruptos para sentir o gosto... por demais fechados para chegar à Abertura... por demais abertos para sentir a Fechadura.
Como este, por exemplo.”
(Albran Kehlog Albran – “O ProLeta” - Uma paródia de “O Profeta” de Gibran Khalil Gibran)
 
"mas quem não tem um amigo que tem opnião sobre tudo e geralmente não fala nada com nada. Esse é o esteriótipo do brasileiro, é só ligar a tv em qualquer canal brasileiro um idiota qualquer falando sobre um tema que não tem o menor conhecimento e com a maior propriedade do mundo, e o que é melho sem argumento, lógica e dados, e se é criticado ou é artista ou é um sujeito pós-moderno."

Vc tem, Gui! Eu me encaixo perfeitamente nessa descrição! :)
 
sei não,acho que reconheço esse colégio e essa professsora..hunf..
"Quando nascemos fomos progamados,pra receber o que vocês nos empurraram com os enlatados[...]desde pequenos nos comemos lixo,comercial,industrial,mas agora chegou nossa vez,vamos cuspir de volta o lixo que invadiu vocês.."

acho q tá faltando "vontade d cuspir" nos alunos...
 
Fazendo charminho né makoto!

quem foi que chegou a essa conclusão aí:

Conclusões: pessoas expõem idéias para ganhar discussões, não para reforçar as idéias. Não falar nada quando se ouve uma opinião não quer dizer ignorar a opinião, mas guardá-la para melhor análise.

e isso:

Nunca consegui passar essa minha explicação para minha teimosia... até que hoje abro o jornal e leio uma frase do amado Telê Santana, falecido ontem:

“Não sou teimoso. Faço as coisas que penso e reflito muito sobre elas. Lógico que ajo por convicção. Defendo minhas idéias como os cronistas defendem as suas.”

Então, me chame de perfeccionista, detalhista, egoísta, egocêntrico... mas não me chame de teimoso; eu tenho Telê ao meu lado.

mas enfim, muito bom o que a mariana escreveu ein!
 
Makoto, eu não te acho teimoso, te acho UM BURRO!! é diferente!

HAHAAHAHAHAHAH

Vou na Festa! Seu merda!!

Abraços
 
Entrei no bololog por acaso, mas não foi por acaso que permaneci lendo. Abraço forte (força sempre)
 
Eu sempre tenho vontade de argumentar em sala de aula sobre as coisas que discordo... o problema não é nem o medo, mas eu não sei formular os argumentos. isso faz eu ficar com a dúvida, sempre. isso me faz ficar calada, sempre.
=|
grande problema na minha vida.
E nem é só em sala de aula.
Todos os lugares, com qualquer pessoa.
Nunca tinha parado pra pensar nisso.
 
"Como existirá a liberdade criativa sem a liberdade de expressão? @@"
eh exatamente isso q prova q essa frase tem razao... se alguem escreveu e vc leu a liberdade criativa dele, teve liberdade criativa
 
SEU BOSTINHA
 
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Nome:
Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Ué, achei que já tinha respondido a esta pergunta... msn: nemchama@hotmail.com

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