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sábado, abril 22, 2006
 
Sou Burro, Mas Sou Feliz



“Makoto, você é muito teimoso.”

Quantas vezes eu já não ouvi isso? Que eu nunca mudo as minhas idéias, que eu não ouço ninguém, que eu faço tudo do meu jeito. O próprio bololog está repleto de exemplos assim.

“Olha, se alguém tiver alguma crítica, reclamação, sugestão, venha falar comigo.”

Quantas vezes eu já não falei isso? Em relação a aulas, textos, planos, idéias... afinal, é junto que se constrói algo bom para todos.

“Caramba, o Makoto não me ouve.”

Quantas vezes eu já não ouvi isso? Pessoas falam, falam, falam, e eu não dou bola para o que elas falam? Desconsidero qualquer idéia que passam pra mim, sendo esse um dos grandes motivos da minha teimosia?

“Sua idéia é massa.”

Eu acho que nunca disse isso, ou raramente digo. Provavelmente, é isso que as pessoas entendem por não ser teimoso.

Conclusões: pessoas expõem idéias para ganhar discussões, não para reforçar as idéias. Não falar nada quando se ouve uma opinião não quer dizer ignorar a opinião, mas guardá-la para melhor análise.

Minhas idéias são como castelos de cartas. Se uma carta está mal-colocada, então o resto desmorona. Obviamente, o construtor de castelo de cartas só mostra sua obra depois que ela já está terminada, acabada, perfeita, na visão dele.


Sem saberem, vocês me ajudam a construir meu castelo de idéias...


Nunca consegui passar essa minha explicação para minha teimosia... até que hoje abro o jornal e leio uma frase do amado Telê Santana, falecido ontem:

“Não sou teimoso. Faço as coisas que penso e reflito muito sobre elas. Lógico que ajo por convicção. Defendo minhas idéias como os cronistas defendem as suas.”

Então, me chame de perfeccionista, detalhista, egoísta, egocêntrico... mas não me chame de teimoso; eu tenho Telê ao meu lado.


(pausa para me xingarem)

A felicidade não é deste mundo. Se fôssemos felizes, não seríamos humanos; estaríamos num plano superior.

E o que é felicidade? Sabe aquele orgasmo mental de dois segundos, aquele frio na espinha, aquele tremelique na nuca quando você ouve sua música preferida, fala seu palavrão predileto, vê seu time do coração fazer gol no Flamengo, ganha um beijo do seu companheiro no nariz? Isso é uma fração da verdadeira felicidade em uma fração de tempo.

A felicidade se alcança no nirvana, no êxtase, estados mentais que nós, mortais, só conseguimos por meio de estímulos externos. Quem já me viu tocar ‘Shine On’, do Pink Floyd entende o que eu quero dizer.

Quem for me ver tocar hoje testemunhará alguns desses momentos. Eu e Aurora e a felicidade. Mesmo que seja por alguns segundos.
Frase da Hora: "Shine on, you stubborn diamond!" (Roger Waters/Makoto)
 
segunda-feira, abril 17, 2006
  Malhação Múltipla Escolha
Às vezes, fico pensando como as pessoas são sádicas e masoquistas. Comemoram a morte de alguém tão querido por elas; comem chocolate demais pra ficarem com remorso na segunda-feira; passam fome por alguns dias.

Para adicionar, os católicos “descobriram” agora que Judas (aquele malhado todos os anos por ter traído Jesus) apenas fez o que Jesus havia pedido a ele. Descobriram, repudiaram, condenaram. E ainda o chamam de “imundo”.

Quantas vezes somos considerados Judas por termos traído algum companheiro, por termos entregado o jogo, por termos decepcionado alguma expectativa? Nosso egoísmo, entretanto, nos impede de ver que muitas vezes isso era necessário para que algo maior acontecesse, como aconteceu com Jesus.

Qualquer leitor perspicaz sabe que Jesus já sabia o destino que ele enfrentaria; e que ele sabia que era necessário passar por aquilo. Então, há tempos (mals, Gui!) nós sabemos que Judas foi peça fundamental para a história cristã. Afinal, não fosse por ele, não estaríamos preocupados com amigolates e afins nesta semana.

Ademais, se não fosse a paixão e crucificação de Jesus, hoje ele seria lembrado apenas como mais um profeta. Heróis não viram heróis sem martírio.

Se pararmos pra pensar, veríamos que todos os leigos sabem de cor o nascimento e morte de Jesus, por causa do Natal e da Páscoa. Obviamente, porque o Natal é mágico como desenho da Disney (e tem Papai Noel) e porque a Páscoa é melodramática como novela mexicana (e tem o coelhinho).

Em suma: Páscoa e natal funcionam porque chegam e passam, e a gente só precisa comprar chocolate, presente, não comer carne por um dia, feriadão...

Mas ninguém se lembra da parte mais importante da vida de Jesus: seus ensinamentos. Quem aqui sabe as parábolas? Quem lembra do Sermão da Montanha? Se lembra, tenta aplicar na vida?

Jesus disse: “Amai vossos inimigos.” Mas teimamos em odiar Judas, até malhar Judas no sábado de Aleluia.

Jesus disse: “O que é impuro não é o que entra pela boca, mas o que sai.” Mas fazemos jejum e quaresma e não sei o que mais, para depois insultar as pessoas.

Jesus disse: “Quando jejuar, não faça como os fariseus.” Mas fazemos questão de mostrar que sofremos, que seguimos os rituais da Páscoa e afins.

Tão bonito, nunca lembrado...


Se, em vez de darmos tanta atenção às passagens fantásticas e místicas dos evangelhos, nós focássemos nas sábias e simples lições cristãs, talvez não teríamos o costume de escolher todo dia alguém para malhar. Se nos preocupássemos mais com o que é nosso, talvez entenderíamos o significado de “amar os outros como a ti mesmo.”

Mas acho que isso é difícil demais. Encarar nossas fraquezas, enfrentar nosso eu imperfeito, isso requer muita coragem. Muito mais que comer ovo de chocolate, ou não comer carne... ou malhar um boneco.

Frase da Hora: "Devemos perdoar não somente sete vezes, mas setenta vezes sete." (Jesus, sempre ele)

 
sexta-feira, abril 07, 2006
  Meu Amor...








Há tempos eu tenho pensado no tanto que essa música me incomodava. Não era um incômodo ruim, pelo contrário. Eu a ouvia e não conseguia entender porque não gostava dela, se de certo modo ela me chamava tanta atenção.

E há tempos que eu tenho ouvido essa música, não com ouvidos relaxados, acomodados, mas ouvidos teimosos, procurando aquela parte tão exata para eu pensar e me convencer “é por isso que não gosto dela!”.
Há tempos que eu me encasquetava com o último verso, pois ele simbolizava a falta de senso do autor. As interpretações vêm e vão, mas era tudo imperfeito. Nada encaixava na minha cabeça, não porque eu não achava encaixe, mas porque eu não queria encaixar.

E há tempos, escrevi um post num outro bololog para analisar sua última frase Este presente post é herdeiro do outro, minha primeira tentativa de entender minha aversão por ela.

Há tempos tenho pensado na disciplina que nos impomos para achar imperfeições nas pessoas por quem não simpatizamos; o que tememos? Se são temores que nos trazem cansaço e solidão.

E há tempos há ferrugem nos sorrisos e o encanto está ausente. Ausente porque nos apegamos ao que o próximo tem de ruim e, assim, justificarmos nossa antipatia. Mal sabemos que a antipatia é o medo de nos desarmar e amar aquele que, há tempos, nos atrai. Mas estamos tão acostumados a não termos mais nem isso.

E há tempos que as pessoas não têm ao certo a medida da maldade quando se zangam com outras pessoas por uma besteirinha. Passamos quase o tempo todo agradando a um amigo, um irmão, um pai... e, no primeiro deslize, parece que toda nossa bondade se esvai pelo tempo.

E há tempos que sinto o descompasso que temos com as pessoas quando, por uma rusga, todo um dia de harmonia se perde; desperdício de um dia. E há tempos que os jovens adoecem ao se apegarem a uma palavra tão bonita, mas guardarem o significado a sete chaves e dar apenas suas duas sílabas, suas quatro letras. Uma pena.

Há tempos, abro os braços a quem procura abrigo e proteção; e os deixo aberto enquanto ainda houver quem ainda teima em não querê-los. Porque compaixão é fortaleza, bondade é coragem.


E há tempos que eu penso que se eu tocasse essa música tão alto quanto o prazer que eu tenho em ouvi-la, eu acordaria não só a minha casa, mas a vizinhança inteira.

Frase da Hora: " Lá em casa tem um poço, mas a água é muito limpa."

 
sábado, abril 01, 2006
  Contos Brasileiros







Orgulho: Elevado conceito que alguém faz de si próprio; altivez; soberba; vaidade; empáfia.

Patriota: pessoa que ama sua pátria e deseja servi-la.

Mané: indivíduo palerma, indolente, inepto.


Que beleza! Quanta alegria! Marcos César Pontes (aka MCP) no espaço, levando a bandeira brasileira! Ele mesmo faz questão de dizer que, patrioticamente, temos que ter orgulho não dele, mas do Brasil.

Ao levar a bandeira do Brasil para o espaço, a mídia nos conta que entramos numa nova era, a era espacial. MCP leva não só sementes de feijão, mas a revolução tecnológica brasileira.

Quanta bobagem.

O acordo inicial era: os malvados ianques nos dariam tecnologia e apoio para que o Brasil fabricasse peças para a Estação Espacial até 2002 e, assim, tivesse a permissão de conduzir experimentos importantes no espaço em 2009 sem nenhum custo.

Só que o Brasil, claro, não honrou seus compromissos e viu MCP ser chutado da base de treinamento em Houston pelos malvados ianques. Pobre de nós, brasileiros! Ingênuos são os americanos, que mal sabem que nós nunca cumprimos o que prometemos; e agora ainda vêm humilhar nosso astronauta?

Mas aí chegam os russos, comovidos conosco, e oferecem: “camaradas, nos dêem 10 milhões de reais que a gente coloca o MCP na nossa nave em 2006, véspera
da reeleição, que tal?!”. Que negócio da China! Isso não é nada, não dá nem pra recapear as estradas de Minas... e ainda poderemos conduzir experimentos como o comportamento das sementes de feijão germinadas no espaço, que legal!


Eita, feijãozinho caro...


A pergunta, então, é: por que o mané do MCP tanto insiste em nos orgulharmos do nosso país? O Brasil, majoritariamente católico, não deveria cultivar tal sentimento, considerado um dos sete pecados capitais. Mais: se ele está lá em cima, é por causa do treinamento feito nos EUA e da nave fabricada na Rússia que vai pousar numa estação multinacional... que nada tem de brasileiro.

Luis Márcio, amigo muito perspicaz, viu no Programa da Ana Maria Braga que o repórter descreveu a cena do lançamento do foguete como “clima de Copa do Mundo”.

Não faça por mim, nem pelo Lula, nem pelo Brasil; faça pela ciência, MCP...


Uma amiga minha disse há duas semanas: “caracas, gente, a gente tem que se preparar pra Copa! Saber que dias caem os jogos, os horários, se vai ter feriado... tem que ter, né, gente?”

Que bonita a atitude patriótica dela! Isso com certeza vai fazer do Brasil um país melhor. Entretanto, preferiria que ela e outras milhares de pessoas tivessem a mesma disposição para visitar uma creche, um hospital, fazer trabalho voluntário. Será que isso ia fazer do Brasil um país melhor? Sei lá. Mas, com certeza, ia fazer a vida de muitas pessoas mais feliz.

Já outro aluno meu me disse: “Makoto, as pessoas precisam de ídolos, de heróis. Precisam ter fatos e pessoas que as façam sonhar.” Ok, ok, eu prefiro ser aquela pessoa que faça as pessoas acordarem. Menos Prozac e mais despertador!

Estamos atrasados?



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Hoje eu assisti ao clássico Real Madrid x Barcelona. Jogaço de bola, com direito a golaços de brasileiros e jogadas magistrais de brasileiros. Daí, perguntam: por que eles não ficam aqui pra melhorar nosso futebol? Porque eles não pensam em país, pensam em qualidade. E a qualidade está lá. Se eles não são patriotas? Sei lá, eu que não sou. No dia em que eu discriminar (positiva ou negativamente) pessoas por sua nacionalidade, virarei astronauta, e pedirei a todos para se orgulharem do meu país.
Melhor jogador da atualidade...

Frase da Hora: “Imagine se não tivéssemos mais nações... não é difícil fazer isso”. (John Lennon)
 
Um espaço pra todos lerem, pensarem e emitirem opiniões, clichês, dúvidas, críticas, palavrões, pela-saquices... ou seja: comunicação e interação! Comentários são mais que bem-vindos... eles são obrigatórios! As críticas me mostram no que posso melhorar; os elogios me mostram no que estou acertando. Sou o que sou, mas também sou que acham de mim, pois vivo em sociedade. Como diria Batman: "Não é o que eu sou, mas o que eu faço é o que me define."

Nome:
Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Ué, achei que já tinha respondido a esta pergunta... msn: nemchama@hotmail.com

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