.koan.samsara.satori.nirvana.
sexta-feira, março 23, 2007
 
SOYCD

Totes acabou de me ligar. Uma gritaria danada! Dizia ela "tá muito bom, tá muito bom!!!". Não entendi nada.

Daí, comecei a entender a barulheira. Não era uma festa, nem uma feira. Era um show. Uma música tocava, um monte de gente gritando. Não era uma música qualquer, era A música.

Daí, consegui entender que tava na parte do segundo solo de guitarra. Não um solo qualquer, mas O solo. Meu preferido. Imagine você como seria o solo preferido de um guitarrista. Não é qualquer coisa.

Tudo bem, eu sabia que quem tava tocando aquele solo não era quem criou a obra-prima. Tampouco era alguém de quem eu gosto. Na verdade, acho um absurdo esse guitarrista tocar esse solo e ainda ser pago pra isso.

Mas, velho, é O solo. E, surpreendido pela ligação inesperada de uma pessoa que amo muito, era como se um diamante aparecesse à minha frente, brilhando.

E sabe quando vc treme, sente aquele calafrio, e o tempo pára e vc fica lá, estático, apenas curtindo o momento? É uma coisa de louco, principalmente quando você ouve o mesmo solo várias vezes durante 13 anos e sente a mesma coisa.

E as lágrimas rolam pela face enquanto você ouve e sente aquilo; sabe que a luz passa pela lágrima como um prisma, e você vê as cores pelo rabo dos seus olhos. Tudo isso foi você que criou, e é o que basta.

Daí, Totes desliga o telefone. Como eu queria estar lá! Mas, se eu estivesse lá, não teria sido surpreendido pela ligação, e não teria valorizado tanto esse minuto interurbano via celular. Mas, com certeza, estaria vendo um louco diamante brilhando na minha frente, como um arco-íris após a manifestação de uma alegria incontida.

Amanhã, 40 mil pessoas vão ouvir a mesma música em São Paulo. Por motivos caninos, não estarei lá. Mas, diabos! o que a tecnologia e uma imaginação movida por uma paixão não podem fazer?!

Este post vai pra todos que amam esta música.


Frase da Hora: "Talvez você se pareça em alguns desses sentidos. Também tem o fato de gostar dos pequenos prazeres da vida..." (Totes)
 
sábado, março 17, 2007
 

GRAMÁTICA APLICADA


São raros os dias em que eu sento pra ver Jornal Hoje. Gosto do Evaristo, gosto da Sandra. Só não gosto das notícias. Acho que isso é relevante, não? Por isso que só assisto às chamadas.

Em compensação, leio o Correio todo dia, tendo o cuidado mental de pular as páginas de Política, Economia e Cotidiano. Afinal, só tem coisa ruim lá: número, gente feia e tendências indecentes.

A bola da vez é a violência no Rio e – em menor escala – em São Paulo. Nas reportagens, os cidadãos aparecem indignados, perguntando até quando assistiremos passivamente à escalada da violência. Bom, poderiam fazer como eu: evitar ler o jornal e ver a TV.

O problema é que a violência está muito perto, perto demais pra ser ignorada. Se ela estivesse lá longe, na favela, no subúrbio, na Ceilândia, apenas, talvez o jornal estaria ocupado com tendências da moda ou a última da Cicarelli. Mas, não. A cabeça decepada do moleque é classe média alta, talvez de família abastada.

Daí, véspera de Carnaval, alguns famosos, ao serem entrevistados, dizem que isso “é uma vergonha, a gente precisa fazer algo.” Alguns acham que comemorar Carnaval é uma ofensa. Até um publicitário fez um anúncio perguntando o que temos que fazer pra acabar com isso.

Essa é uma boa pergunta. Num sistema republicano como nosso, seria papel do Estado e da polícia reprimir e evitar a violência. A gente paga imposto pra isso. O que mais fazer?

Hoje, extraordinariamente, ligo a TV e assisto ao jornal. Vejo uma madame carioca com olhos marejados, usando óculos escuros pra esconder a cara de tristeza.

E AÍ, VEIO A LUZ.

Óbvio! Claro! Elementar. O barbeiro que decepou o moleque, o zarolho que errou na garota do morro, o traficante que abastece as festinhas do filho da madame – todos esses só querem o que a madame tem. Os óculos escuros de grife. O carro do ano. A casa com cerca eletrificada.

Eles querem mais. Querem uma loirinha do shopping. Querem entrar no Shopping. Querem o Nike Shox. Querem ser amigos do cara do Nike Shox. Querem ir ao Mac Donald’s. Querem ser iguais a mim, a você, que tem internet, mp3 player... mas não pra usufruírem. Querem ser como nós pra poderem esnobar os miúdos como eles.

Porque, quando encontramos um deles, fazemos a mesma coisa. Ignoramos, olhamos feio; censuramos a condição dos dentes, da roupa do camarada. Sentimos nojo, às vezes medo. Achamos absurdo virem atrapalhar nosso infinito particular de beleza e tecnologia, o universo artificial ao nosso redor.

O Nike do riquinho não o deixa com os pés no chão de que tênis de 600 reais não é real no mundo do flanelinha. Os óculos da patricinha não a deixam enxergar que a pivete ali não tem nada contra ela. O promoter da festa não liga o fato de que o 'avião' que vendeu o pó pra ele é o mesmo que vai apontar a arma na sua cara. Na verdade, os miseráveis moleques só se perguntam porque eles não podem ser iguais.

Ué, é porque nós não somos iguais. Se me perguntam quem é fulana, começo a descrição pelo emprego que ela tem, pelo carro que ela tem, pela camiseta que ela tem, pelo celular rosinha com câmera que ela tem (sem câmera, você não tem); pelo gel do tênis, pelo número da promoção do Mac Donald’s, pelo colégio onde ela estuda.

Daí, talvez eu emende um “mas ela é legal.”

Pois então. No fim, lembrei que, ao me perguntarem quem é fulana, o que deveria aparecer na resposta é o verbo ‘ser’, não o ‘ter’. Noções básicas de gramática que não são conhecidas no dia a dia. Reprova-se a liberdade, reprova-se a segurança, reprova-se a cidadania, reprova-se a vida.

E nos privamos de conhecer, compreender, talvez amar o semelhante que não é semelhante porque, segundo a mãe da Alana – aquela da bala perdida -, ‘quem mora no morro não tem sonho.’ E, sem os sonhos, vai-se a capacidade de olhar pra nós e se sentirem iguais.

Então, volto à pergunta do publicitário: o que temos que fazer pra acabar com a violência? Talvez pequenos gestos cotidianos, como dar bom dia para ricos e pobres; ser educado com advogados e jardineiros; tratar com carinho abonados e pé-rapados.

Talvez, assim, todos entendam que, por trás de vidros de carros, cercas de casas, óculos escuros, somos seres humanos que não precisam dessas coisas pra sermos seres humanos – iguais a eles.

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Quem nunca viu um filme em que o cara legal, no começo, ajuda um desafortunado; e, no meio do filme, o desafortunado, que na verdade é o bandido, trata o cara legal bem por causa da boa ação feita no início? Há ainda as fábulas em que a donzela trata com carinho a pobre velhinha da rua, que vem a ser uma bruxa – ou uma fada. Obviamente que, no desenrolar, a bruxa/fada vai ajudar de volta a donzela. É mais ou menos por aí.

 
quinta-feira, março 15, 2007
 
Vale Quanto ou é de Graça?


Ontem eu saí meio com pressa da minha casa pro trabalho. Dia ensolarado, não muito quente, lá pras 13:30. Ligo na CBN, assobio um Fagner, lá vamos nós.

De repente, eu ouço uma gargalhada tão alta do lado de fora que ensurdece o barulhos do trânsito aqui do Lago. Olho pra fora, é uma gari improvisada de jardineira pelo GDF cuidando do jardim público que tem no retorno aqui perto. Olhei, e aquilo me fez sorrir.

Nossa, que piegas. É verdade, mas o ponto não é esse. Comecei a prestar atenção pras pessoas. Com todo preconceito que me cabe, fiz a constatação que os mais humildes (critério: roupa) eram os que sorriam. Sorriam, caminhando com um amigo pela calçada; descarregando caixas de um caminhão com o colega; ou simplesmente no orelhão.

Já os que não sorriam - pelo contrário, traziam uma testa franzida pelo estresse e acúmulo de responsabilidades - eram os engravatados dentro do carro com janelas fechadas devido ao ar-condicionado; os estudantes que voltavam da escola e os que esperavam ônibus na parada. Até as madames que saíam do mercado aqui perto com sacolas nas mãos.

Lembrei-me da gargalhada da gari. Do bocão da mulé, cheia de dentes. Quantas pessoas conseguem soltar uma risada despreocupada, espontânea como aquela, em pleno labor?

Isso porque não tive a chance de contá-la a piada da vaca e do boi...
 
sábado, março 10, 2007
 
O Cabuloso Destino de Makotain




Thiago, meu amigo, disse-me um tempo atrás que era meio estranho eu ainda não ter visto ‘O Fabuloso Destino de Amélie Poulain’. Segundo ele, eu e Amélia temos coisas em comum.

Interessante ele ter mencionado isso. Nunca simpatizei com esse filme. Lembro-me de quando foi lançado no cinema, um monte de gente indo ver, na maioria, PIMBAs. Aliás, esse era meu maior motivo pra não ver o filme.

O segundo motivo era o sorriso imbecil estampado no rosto da Amélia em todos os displays e posters do filme. Era um sorriso irritante, de quem fez caquinha na cueca e se orgulha disso.

Um dia, meu amigo Leo resolveu trazer uma cópia do filme pra assistir aqui em casa. Cópia pirata de baixa qualidade com legendas em mandarim. Isso me desanimou pacas.

Só que meu irmão, o Imb, tem uma videoteca aqui em casa. Um dos filmes, obviamente (porque ele é PIMBA às vezes), é o dito cujo. Aproveitei que Thiago me dera o toque pra ver o filme e resolvi assisti-lo.

Posso dizer que gostei muito do filme, apesar daquele incômodo de achar que o filme é PIMBA. O interessante é que, sim, Amélie tem muito a ver comigo, sim, a ponto de eu não saber a que semelhança meu amigo Thiago se referia.

Será que ele quis dizer que eu sou altruísta cristão como ela? Ou será que é porque eu sou pega-ninguém? Talvez seja pelo fato de, assim como ela com os minos, eu não ter coragem de chegar nas minas. Lembram de como ela sonha e fantasia as situações da vida dela? Eu faço da mesma forma. Ou pode ser que Thiago ache que eu complico as coisas da mesma forma que ela. Ah! Pode ser também porque eu tenho minhas makotices, assim, como ela tem as amelices dela.


Acho que a maior semelhança entre mim e essa garota PIMBA é que várias coisas aconteceram pra que eu não visse o filme tempos atrás; e pra que eu o assistisse agora. Quis o destino que fosse assim... huá

Pois então, pra quem viu o filme e quiser me ajudar, eu peço a opinião de vocês. No que eu pareço a Amélie Poulain?


Frase da Hora: “Todos têm o direito inalienável de estragar sua própria vida.”
 
Um espaço pra todos lerem, pensarem e emitirem opiniões, clichês, dúvidas, críticas, palavrões, pela-saquices... ou seja: comunicação e interação! Comentários são mais que bem-vindos... eles são obrigatórios! As críticas me mostram no que posso melhorar; os elogios me mostram no que estou acertando. Sou o que sou, mas também sou que acham de mim, pois vivo em sociedade. Como diria Batman: "Não é o que eu sou, mas o que eu faço é o que me define."

Nome:
Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Ué, achei que já tinha respondido a esta pergunta... msn: nemchama@hotmail.com

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