.koan.samsara.satori.nirvana.
quarta-feira, julho 18, 2007
 

UM PANDEMÓNIO TAMANHO



E daí, a Jade perde. Mas daí, ganha. O Snoop Dog tupiniquim ganha, mas vai continuar perdendo. Fulano de tal ganha uma passagem, mas perde a vida.

No dia seguinte, os atletas do Pan ganham uma faixinha preta pra lembrar os que perderam a vida. A TAM, coitada, perde uma aeronave e ganha muita dor de cabeça. Pelo menos, Diego, Diogo e cia ganharam uma medalha pra eles.

A lutadora fica indignada porque perdeu o ouro. A outra fica aliviada porque perdeu uma medalha num dia, mas ganhou outra no outro dia. Enquanto isso, ficamos perdidos com o tanto de notícias e coberturas sobre o Pan e sobre a chamada tragédia da TAM.

Mas o quanto ganhamos e o quanto perdemos? A medalha é do Brasil, é nossa, ou é do atleta? O atleta realmente pensa em disputar a medalha por causa do país? Não seria pela carreira? Satisfação pessoal? Patrocínio? Ou seria tudo isso junto?

Se for pelo país, seria coerente treinar fora, aceitar patrocínio estrangeiro, falar mal do país em entrevistas? Se for por satisfação pessoal, seria errado? Há uma diferença pros atletas entre disputar uma competição entre nações e uma Liga Mundial? Por que o lugar-comum “represento meu país” soa tão falso pra mim?

Já os torcedores, eles torcem pelo país, pelo atleta, pelo esporte? Se torcem pelo país, é justo vaiar os atletas de outros países? Se é pelo atleta, é coerente crucificá-lo por um erro?

A tragédia da TAM é mais tragédia pra nós porque aconteceu no Brasil? Ou porque ocorreu perto demais da nossa casa? Ou será que é porque havia um amigo de um amigo meu na aeronave?

Será que ganhamos tanto assim quando um atleta do nosso país recebe uma medalha? Será que perdemos tanto assim quando um avião cai no nosso país? Será que a gente já parou pra pensar no real ganho e na real perda das coisas? Ou será que isso vai depender dos nossos valores?

Ou será que a cara triste da Ana Maria Braga, com uma musiquinha fúnebre, mostrando depoimentos de pessoas procurando parentes entre as vítimas, será que é isso que vai dizer o quanto eu perdi?

Ou será que é a chata da Milena Ceribelli, com uma musiquinha ao fundo e palavras de ordem ufanistas, é isso que vai me dizer o quanto ganhei com a medalha da ginástica?

E se fosse um outro atleta de uma outra nação, seria tão importante assim? Se fosse um outro avião de um outro país, seria tão trágico assim?

O que será que ganhamos quando fingimos que não somos egoístas? E todo esse discurso de “é pro meu país, medalha do meu país, avião do meu país”, no qual a palavra “meu” ecoa mais que o resto?

No dia que não tivermos mais “meu país”, talvez não precisaremos de musiquinhas ao fundo pra dizermos o que ganhamos ou perdemos com nosso egoísmo disfarçado de patriota.
 
Um espaço pra todos lerem, pensarem e emitirem opiniões, clichês, dúvidas, críticas, palavrões, pela-saquices... ou seja: comunicação e interação! Comentários são mais que bem-vindos... eles são obrigatórios! As críticas me mostram no que posso melhorar; os elogios me mostram no que estou acertando. Sou o que sou, mas também sou que acham de mim, pois vivo em sociedade. Como diria Batman: "Não é o que eu sou, mas o que eu faço é o que me define."

Nome:
Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Ué, achei que já tinha respondido a esta pergunta... msn: nemchama@hotmail.com

ARCHIVES
11/01/2004 - 12/01/2004 / 01/01/2006 - 02/01/2006 / 02/01/2006 - 03/01/2006 / 03/01/2006 - 04/01/2006 / 04/01/2006 - 05/01/2006 / 05/01/2006 - 06/01/2006 / 10/01/2006 - 11/01/2006 / 11/01/2006 - 12/01/2006 / 12/01/2006 - 01/01/2007 / 01/01/2007 - 02/01/2007 / 02/01/2007 - 03/01/2007 / 03/01/2007 - 04/01/2007 / 04/01/2007 - 05/01/2007 / 05/01/2007 - 06/01/2007 / 06/01/2007 - 07/01/2007 / 07/01/2007 - 08/01/2007 / 08/01/2007 - 09/01/2007 / 10/01/2007 - 11/01/2007 / 05/01/2008 - 06/01/2008 /


Powered by Blogger