Meu Amor...
Há tempos eu tenho pensado no tanto que essa música me incomodava. Não era um incômodo ruim, pelo contrário. Eu a ouvia e não conseguia entender porque não gostava dela, se de certo modo ela me chamava tanta atenção.
E há tempos que eu tenho ouvido essa música, não com ouvidos relaxados, acomodados, mas ouvidos teimosos, procurando aquela parte tão exata para eu pensar e me convencer “é por isso que não gosto dela!”.
Há tempos que eu me encasquetava com o último verso, pois ele simbolizava a falta de senso do autor. As interpretações vêm e vão, mas era tudo imperfeito. Nada encaixava na minha cabeça, não porque eu não achava encaixe, mas porque eu não queria encaixar.
E há tempos, escrevi um post num outro bololog para analisar sua última frase Este presente post é herdeiro do outro, minha primeira tentativa de entender minha aversão por ela.
Há tempos tenho pensado na disciplina que nos impomos para achar imperfeições nas pessoas por quem não simpatizamos; o que tememos? Se são temores que nos trazem cansaço e solidão.
E há tempos há ferrugem nos sorrisos e o encanto está ausente. Ausente porque nos apegamos ao que o próximo tem de ruim e, assim, justificarmos nossa antipatia. Mal sabemos que a antipatia é o medo de nos desarmar e amar aquele que, há tempos, nos atrai. Mas estamos tão acostumados a não termos mais nem isso.
E há tempos que as pessoas não têm ao certo a medida da maldade quando se zangam com outras pessoas por uma besteirinha. Passamos quase o tempo todo agradando a um amigo, um irmão, um pai... e, no primeiro deslize, parece que toda nossa bondade se esvai pelo tempo.
E há tempos que sinto o descompasso que temos com as pessoas quando, por uma rusga, todo um dia de harmonia se perde; desperdício de um dia. E há tempos que os jovens adoecem ao se apegarem a uma palavra tão bonita, mas guardarem o significado a sete chaves e dar apenas suas duas sílabas, suas quatro letras. Uma pena.
Há tempos, abro os braços a quem procura abrigo e proteção; e os deixo aberto enquanto ainda houver quem ainda teima em não querê-los. Porque compaixão é fortaleza, bondade é coragem.
E há tempos que eu penso que se eu tocasse essa música tão alto quanto o prazer que eu tenho em ouvi-la, eu acordaria não só a minha casa, mas a vizinhança inteira.
Frase da Hora: " Lá em casa tem um poço, mas a água é muito limpa."