POR UMA VIDA DESTRA

Fudi meu ombro. Logo o ombro direito! Se fosse o esquerdo, seria mais fácil; afinal, sou destro com as mãos.
Assim que caí, levei minha mão esquerda ao ombro direito. Eu estava aquecido, e ainda assim, doía. “Putz”, pensei, “quando eu esfriar, a coisa vai esquentar.”
A primeira coisa que eu fiz foi ligar pra minha salvadora de plantão – usando a mão esquerda. Ela correu pra minha casa e me ajudou a me levar pro hospital.
O pronto-socorro estava vazio, o atendimento foi rápido. As coisas acabaram saindo direito.
Ao voltar pra casa, pensei que seria uma excelente oportunidade de desenvolver meu braço esquerdo – tipo escrever, pentear os cabelos, escovar os dentes.
Ledo engano. Minha acupunturista de plantão colocou uns adesivos miraculosos; logo, eu já estava com menos dores. Logo, poderia usar meu braço direito.
Acomodei-me com a facilidade, obviamente. Não vou me esforçar pra fazer algo de uma forma mais difícil, se a forma mais fácil é possível.
Da mesma forma, ir de carro pro trabalho, comer fast-food, aumentar o próprio salário ou passar no vestibular pelas cotas, tudo isso facilita nossas vidas. E diminui nossa razão de viver.