.koan.samsara.satori.nirvana.
sexta-feira, janeiro 19, 2007
 

UMA RESENHA

Quando você vai assistir a “Diamante de Sangue”, já sabe pela mídia que se trata de uma espécie de denúncia. Mesmo assim, é um soco no estômago. Você se sente um verme por ter uma casa, uma família, um carro, um trabalho digno, direitos básicos e o cacete, e ainda assim, reclama da vida.

No fim das contas, sabemos que tudo que o filme mostra existe. Quem é mais interessado pode até ler e ver sobre o assunto mais detalhadamente em revistas especializadas, documentários e internet. Esse é um efeito da globalização: você não pode mais se fingir de ignorante. No máximo, de preguiçoso.

Por outro lado, o que fazer? O filme ensina que a lista de culpados pela exploração ilegal de diamantes começa pelos gananciosos nativos africanos, passa pelos gananciosos governos africanos e europeus, até chegar aos pescoços, dedos e pulsos de gananciosos ricos. Os mesmos atores que estrelaram o filme estarão na festa do Oscar usando adereços de diamantes, rubis, safiras, etc.

Fazendo comparações, a exploração dos diamantes implica em morte e sofrimento, assim como o tênis chinês que calço agora; ou o açúcar do chiclete que masquei durante o filme; sem falar no petróleo que me levou até ao cinema. Até a pizza que meus amigos comeram após a sessão está impregnada de queijo e carne sofridas, se levarmos pelo lado radical dos vegetarianos Estamos cercados de injustiça e sofrimento.

Geralmente, eu fico no cinema durante os créditos finais, não só porque eu gosto de ouvir a trilha e ver se há algo a mais. É a hora propícia de se pensar no filme que eu vi, seja ele um desenho, seja ele um documentário. Confesso que passei uns bons minutos pensando em qual seria minha parte a fazer para ajudar o mundo. Típico dilema de adolescente. Pior: nada concreto veio à cabeça.

Talvez umas pessoas pensem “o fato de você não fazer o mal já é um bem.” Sim, mas a sacanagem de filmes como “Diamante de Sangue” é justamente jogar na sua cara que você sempre pode fazer mais. E você sabe disso.

Aliás, os personagens centrais da trama – um contrabandista de diamantes e uma jornalista – têm justamente essa função: um espelho de hipocrisia de nós mesmos, sentindo pena de tudo que vemos, lamentando o que ocorre em volta, movendo um dedo para limpar a consciência, e cobrando, sempre, dos outros. O velho dito cristão “falas do cisco no olho do próximo, mas esqueces da trave que cobre o teu.”

Já pensei várias vezes em largar tudo e ser voluntário na África. Infelizmente, são poucas as pessoas que têm nada a perder e fazem isso. Ou que preferem perder o muito que têm para se doar a quem realmente precisa. Não são o meu caso.

Talvez, o que falta pra mim é mais estímulo. Se eu tirar um dia pra assistir a “Hotel Rwanda”, “Gritos do Silêncio”, “Diamante de Sangue” e afins, talvez eu tenha um surto e me aliste na Anistia. Ou sento de novo aqui e escrevo sobre o que deveria fazer, mas não faço.
 
Comments:
É realmente muito raro alguém decidir largar tudo para servir somente ao propósito de ajudar outra pessoa. Eu confesso que sinto um ponta de inveja das pessoas que tem esse sentimento de altruísmo e de desprendimento. Mas também confesso que possivelmente não terei coragem de fazer algo a respeito. Essa no final das contas, é a culpa que muitas pessoas carregam: a de querer ajudar, mas não ter o desprendimento necessário para isso.
 
é foda=\
isso dá uma puta vergonha de existir
 
Acho que não adiantaria nada querer mudar o mundo sem tentar primeiro mudar seu continente. Não adiantaria nada querer mudar seu continente sem tentar primeiro mudar seu país. Não adiantaria nada querer mudar seu país sem tentar primeiro mudar seu estado. Não adiantaria nada querer mudar seu estado sem tentar primeiro mudar sua casa. Não adiantaria nada querer mudar a sua casa sem primeiro mudar vc e sua vida. Tbm acredito que não devemos querer abraçar o mundo com as próprias mãos e que mesmo fazendo pouco no fim vc já fez muito.

Abraço forte (força sempre)
 
Espera eu me formar que a gente vai junto, Makoto!
 
Se entendi bem vc está interessado em diamantes... Olha, não precisa ir até a África pra isso. Aqui perto, em Rondônia, tem bastante, só que o garimpo fica dentro da reserva indígena Roosevelt. Se vc quiser mesmo fazer negócio, fale com os chefes dos Cinta-Larga primeiro. Mas cuidado! Não faz muito tempo os índios de lá mandaram embora desse mundo 29 pobres coitados que não souberam se comportar conforme as leis da floresta, se é que vc me entende...
 
Postar um comentário



<< Home
Um espaço pra todos lerem, pensarem e emitirem opiniões, clichês, dúvidas, críticas, palavrões, pela-saquices... ou seja: comunicação e interação! Comentários são mais que bem-vindos... eles são obrigatórios! As críticas me mostram no que posso melhorar; os elogios me mostram no que estou acertando. Sou o que sou, mas também sou que acham de mim, pois vivo em sociedade. Como diria Batman: "Não é o que eu sou, mas o que eu faço é o que me define."

Nome:
Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Ué, achei que já tinha respondido a esta pergunta... msn: nemchama@hotmail.com

ARCHIVES
11/01/2004 - 12/01/2004 / 01/01/2006 - 02/01/2006 / 02/01/2006 - 03/01/2006 / 03/01/2006 - 04/01/2006 / 04/01/2006 - 05/01/2006 / 05/01/2006 - 06/01/2006 / 10/01/2006 - 11/01/2006 / 11/01/2006 - 12/01/2006 / 12/01/2006 - 01/01/2007 / 01/01/2007 - 02/01/2007 / 02/01/2007 - 03/01/2007 / 03/01/2007 - 04/01/2007 / 04/01/2007 - 05/01/2007 / 05/01/2007 - 06/01/2007 / 06/01/2007 - 07/01/2007 / 07/01/2007 - 08/01/2007 / 08/01/2007 - 09/01/2007 / 10/01/2007 - 11/01/2007 / 05/01/2008 - 06/01/2008 /


Powered by Blogger