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sexta-feira, janeiro 26, 2007
 
O PODER DA OPÇÃO


A lei dizia que, se um ladrão fosse apanhado, seria levado ao palácio para que o imperador mandasse cortar a mão do criminoso. O imperador, portanto, tinha o poder de mutilar seu súdito. Muitos usavam este poder sem nem pensar.

Uma vez, entretanto, um homem foi levado para ser julgado. O imperador poderia ter mandado cortar a mão do infeliz – ele tinha poder pra isso –, mas não o fez.

Atitude de fraqueza, ou verdadeira mostra de poder?

No filme “A Lista de Schindler”, Oskar Schindler diz que o poder está em ter todas as justificativas para fazer algo, e não fazer.

Não que eu concorde com essa afirmação, mas ela dá o que pensar. Pegando a dicotomia-clichê ter-ser, percebemos como nos enganamos quando o assunto é poder.

Quando estamos solteiros, por exemplo. Não temos alguém, não temos uma cara-metade. As pessoas tendem a ver isso como uma fraqueza, como se não fôssemos capazes de arranjar alguém, ou como se ninguém nos quisesse. Poucos pensariam que aquilo é uma opção.

Agora, quantas pessoas conhecemos que não conseguem ficar sozinhas? Ao terminar uma relação, têm que partir pra outra, sob pena de reclusão em sua própria solidão? Isso é opção, ou escravidão?

Uma pessoa com muitos amigos, será que ela é melhor ou mais bem-resolvida do que a que vive isolada? Antes de julgarmos a solidão como fraqueza, por que não procuramos saber os reais motivos da abundância de amigos de um e da aparente falta de amigos do outro?

Há aqueles que param de comer carne. Isso vira uma opção. Estranhamente, esses são vistos como “piores” do que aqueles que comem carne, e não por opção, mas por necessidade.

Quando escrevo isso, as palavras “apego” e “opção” ficam latentes. Ao se apegar a algo ou alguém, você deixa de ter opção. Aquilo passa a ter uma necessidade pra você, você tem que viver com aquilo para se acomodar. A felicidade nem é sugerida aqui, porque, segundo Buda, a felicidade não é condicional e nem implica a presença de algo.

Quando vemos freiras reclusas, monges isolados, ou simplesmente um amigo nosso que se abdicou de algo, dizemos “coitados!”. Poderíamos lembrar que eles tiveram a opção de ter a vida que temos, mas optaram por não ter. Coitados de nós, que não temos a opção, pois estamos apegados a algo que existe – e usamos todas as justificativas para continuar.
 
Comments:
'Take care of your own business' expressa muito bem o que eu pensei depois de ler o texto.
As pessoas deviam respeitar mais algumas opções dos outros... se eu tomei uma decisão, provavelmente pensei antes e decidi que aquela é a minha OPÇÃO. por que não aceitar?
 
Creio que a opção do outro não deve ser aceita pelos demais e sim respeitadas. Pois bem..."respeito sua opção por não gostar de tal estilo de música...mas foda-se, eu gosto"!!! E é isso. Adorei o Post de hj...aliás, sempre me amarro...são coisas que me ajudam e me cutucam a pensar em coisas tão simples, mas que simplesmente não paro pra pensar.

Abraço forte (força sempre)
 
Ahhhhhhh...esqueci de falar que adoreeeeeeeeeeeiiiiiii a ilustração...SENSACIONAL!!!

Abraço forte (força sempre)
 
Post foda, mas fiquei meio confuso quanto a esse final... então o certo seria não nos apegar nada nada?
 
Fiquei sabendo do seu interesse por diamantes... Comentei sobre isso no texto aí abaixo. Se tb gostar de pedrinhas douradas que aparecem nos rios da Amazônia, tenho uma dica quente! Depois conversamos... ;P
 
Por qué dices que non temos opcións. Neste mesmo intre, es totalmente libre de cambia-la tua vida, de corta-lo teu karma. Non deixes que te sigan convencendo do contrario, as cadeas son ilusorias.
 
Sim, somos livres. Apenas nós mesmos podemos nos prender. Aliás, temos a opção de nos prendermos ou não.

Mas, como vc sabe, nós quase sempre optamos por nos prender.
 
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Ué, achei que já tinha respondido a esta pergunta... msn: nemchama@hotmail.com

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