COGITO, ERGO SUM
Acabei de voltar de um encontro e tanto com alguns dois amigos meus, incluindo Leo e Maroka. Fazia tempo que não ouvia tanta sinceridade e desprendimento em duas pessoas. Quer dizer, somos tão amigos que eles sabem que não precisam ter freios para falarem pra mim o que acham sobre as coisas.
O interessante é que essa conversa se deu no período mais propício: o fim do ano, época em que a gente olha pros doze meses passados e faz um balanço da nossa vida. Apesar de eu ter aversão a rituais, fazer resoluções de ano novo tem sua praticidade.
O melhor ano da minha vida compreendeu o segundo semestre de 99 e o primeiro de 2000, por vários motivos não importantes agora. 2006, entretanto, superou de longe aqueles semestres de 6 anos atrás.
Obviamente, pensamos que as melhores épocas da nossa vida são aquelas em que só acontecem coisas boas. Porém, se você tende a achar que algo aparentemente ruim na sua vida pode – e deve – trazer bons frutos, esse juízo de valor se torna irrelevante. É o que aconteceu comigo este ano.
Não me lembro de ter tido muitas coisas ruins, provavelmente porque eu as considerei parte de um processo mais amplo, que é minha evolução pessoal. Bom, isso é uma conduta que alguns amigos meus vêem com reserva. Acham eles que eu gasto muita energia tentando achar sentido nas coisas.
Sim, gasto. Não há como negar. Assim como há pessoas que gastam energia tentando levar alguém pra cama; ou gastam energia tentando convencer pessoas de que estão erradas; ou gastam energia se estressando com o trabalho de que não gostam. Cada um gasta a energia da forma que convém.
No meu caso – sim, serei auto-indulgente, Gaúcho – adoro gastar energia desta forma. Gosto de pensar, de analisar, de ver como as coisas funcionam. Se isso é uma obsessão, juro que não sei – o fato é que não fico doente por causa disso.
Maroka me falou, de forma meio pejorativa, que passo muita convicção no que eu falo, talvez por eu ter pensado e analisado várias vezes. Como Póvi já me disse, você pode me convencer de algo diferente do que eu penso; basta me convencer.
Já o Leo me disse que o fato de eu ser metido a compreensivo e analítico faz com que eu tenha um ar de superioridade sobre as outras pessoas. Algo como “bom, eu te entendo, que pena que você não em entenda.” Eu juro que não queria passar essa imagem. Mas compreendo que as pessoas costumam conviver com pessoas que batem de frente com as outras, em vez de contornar e entrar em harmonia, de forma que tendem a interpretar mal minhas intenções.
Mas, por que será que eu escrevi tanta coisa sem nexo e, ao mesmo tempo, complementares? Apesar deste ter sido meu melhor ano, descobri que estou muito longe daquilo que eu queria ser. Acho que aí está a razão para este ano ter sido muito bom. O marasmo e inércia trazem melancolia e depressão. Acredito que este ano eu fui juntando tudo que eu deveria mudar e, em contradição comigo mesmo, devo fazer um ritual no fim do ano para conseguir começar a mudar o que quero em mim.
Ok, será que isso deveria ser pauta no meu bololog? O que será que tem de útil para você, leitor, neste texto? as minhas divagações anteriores, eu não sei, mas algumas perguntas que escreverei agora podem ser importantes.
É uma pena que um ato em um dia qualquer possa manchar uma eternidade de amizade. Egoísmo, fraqueza, ou intolerância?
Por que meu modo de ser e de pensar te intrigam ou te incomodam?
O que é maior: o autor ou suas obras?
Se sua evolução compreende abdicar de coisas que agradavam aos seus companheiros, vale a pena mudar?
Eu tenho as minhas respostas pra essas perguntas. Desculpe-me se eu gosto de pensar e se procuro fazer os outros pensarem. Porém, acho que esse talento inerente ao ser humano é bastante desperdiçado hoje em dia. Assim, em vez de respondê-las, prefiro que vocês cheguem às suas conclusões - e partilhem conosco.
Até nunca mais.
Frase da Hora: “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia.”